quinta-feira, março 08, 2007

Salvem as mulheres também*



Brasília, 8 de março de 2007.

Rafael Ayan Ferreira
Pedagogia – UnB
(61) 9948-9494
ayanunb@gmail.com
http://www.instintocoletivounb.blogspot.com/
www.vibeflog.com/ayanrafael




A luta das mulheres por direitos iguais foi mundialmente conhecida no século XX, mas nunca deixou de existir. Apenas para citar o Ocidente moderno e contemporâneo, a história nos mostra ótimos nomes. Joana D´Arc, que alguns estudiosos entendem ser unicamente um símbolo criado para enaltecer a formação do Estado Francês, liderou um exército e foi morta por "bruxaria". Outra francesa, Olympe de Gouges, pagou com a própria vida por ter escrito a Declaração Universal dos Direitos da Mulher, no auge do liberté, égalité, fraternité iluminista. No país do Renascimento Cultural, Maria Montessouri tornou-se a primeira mulher formada em medicina somente em 1896. Rosa Luxemburgo cessou as manifestações em prol de greve em 1919 para ser guilhotinada. Rosa Parks, além da discriminação de gênero, enfrentou o racismo.


No campo da política não é muito diferente. Somente na América, temos vários exemplos de como há avanços em termos de representação. Nos Estados Unidos, Hillary Clinton desponta como uma das principais candidatas à Casa Branca, defendendo união civil entre pessoas do mesmo sexo num país de puritanos (ao menos nas urnas). No Chile, Michelle Bachelet além de ganhar a presidência ainda expulsou do exército o Capitão Augusto Pinochet Molina, neto do ex-ditador chileno. No Brasil, a ex-senadora Heloísa Helena ficou em terceiro lugar na corrida presidencial de 2006 com o recém-criado P-SOL. A Ministra Dilma Roussef assumiu o comando da Casa Civil com a difícil missão de substituir José Dirceu e acabou por fazer um trabalho ainda melhor. Esse quadro político não seria possível há 100 anos atrás.


A visita de George W. Bush ao Brasil para negociar o etanol tupiniquim e cercar o venezuelano Hugo Chávez ocorre numa data especial. Há exatamente 150 anos, em Nova York, 129 trabalhadoras fabris foram assassinadas num incêndio criminoso por reivindicar melhores condições de trabalho. O país que cospe uma pseudo democracia a todo planeta, não gosta de tocar em como chegou a esse destaque. A anexação do Texas e Alaska, a exploração da mão-de-obra infantil, os danos ao meio ambiente e a não assinatura do Protocolo de Kyoto em nada perdem para os desvarios contras as mulheres dos filmes Hollywoodianos. Essa zombaria generalizada é muito bem identificada por Rachel Soihet, da Universidade Federal Fluminense. Outro ponto que os Estados Unidos fogem ao debate é a tirania sexual que levaram para o Oriente Médio.


Os casos de estupro no Iraque são gritantes e, além disso, como, com e por quem são realizados. Cada vez mais, militares das tropas de ocupação, ou melhor, de invasão, apresentam-se ao Tribunal. As tropas dos Estados Unidos, em particular, parecem liderar o ranking. Depois de imagens divulgadas em 2005 que mostram mulheres sendo torturadas e humilhadas de várias formas em Bagdá, a Auschwitz iraquiana, chegou a vez do sargento Raul Cortez assumir o que fez: segurar uma adolescente de 14 anos enquanto era estuprada por outro militar, ao mesmo tempo em que a família era assassinada. O depoimento foi prestado no dia 20 de fevereiro de 2007. Enquanto Cortez e seus comparsas, também militares, estabeleceram a pena de morte para uma pobre família do Iraque, ele cumprirá no máximo prisão perpétua pela sua bizarrice.


Creio que há concordância de que o caso dos militares não é nada espetacular, tampouco inédito, vindo de um país governado por um facista reeleito como Bush, que ao invés de encerrar a Guerra e retornar com as tropas, vai contra o Congresso e aumenta o número de militares naquele país. Choram mulheres da América por saber o destino cruel de seus filhos e maridos. Choram mulheres iraquianas pelo mesmo motivo e, algumas, deixam de chorar por serem brutalmente assassinadas por quem parece jamais ter ouvido falar na Convenção de Genebra. Enquanto isso, o sexo forte, os homens da ONU e da OTAN, exitam em limitar os poderes de Bush que já está de olho no Irã e Coréia do Norte, para ampliar seus mercados de combustível e exploração sexual.


George Bush, inimigo das mulheres de todo mundo por ser o principal articulador de guerras pelo mundo, visitará a OSCIP "Meninos do Morumbi", em São Paulo, no dia 8 de março de 2007, dia Internacional da Mulher. Certamente não passará na cabeça do tirano as "Meninas de Bagdá", "Meninas de Tikrit" ou ainda "Meninas de Karbala", tão ou mais expostas que as crianças brasileiras, violentadas por quem se diz protetor dos oprimidos. Apesar do avanço obtido com o feminismo, confiando em Deus ou não, são muitas as lutas que travamos atualmente. Devemos salvar a flora, a fauna e, com o exército de Bush à solta, mais do que nunca, salvar as mulheres. Vamos torcer para que os assassinos passem as férias na linda e ensolarada Washington D.C. Copacabana don´t speak english, please!



*Este texto demonstra uma atenção de um indivíduo e não um consenso do coletivo. Veja mais das propostas do Instinto Coletivo no próprio blog.


Nenhum comentário: