segunda-feira, dezembro 15, 2008

Cartas de una compañera*


* por e-mail, em 02/12/2008.
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companheiras e companheiros de luta...
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como estao as coisas por aí??? espero de verdade que bem.. sinto falta das nossas reunioes de discussao e também das bebedeiras...
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como havia prometido mando um relato mais ou menos suscinto do que foi o acampamento che guevara, para socializar a experiencia, que de verdade foi muito rica. foi uma esquina na minha viagem. mais do que nunca sinto a necessidade de me organizar na luta camponesa e indígena, na luta pela terra. E o contato com os companheiros là no acampamento foi decisivo para isso.
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O Acampamento foi dividido em 3 partes, como havia dito no outro email. A primeira parte, do dia 07 ao 17 de outubro, era o Acampamento da Juventude da ALBA, pela uniao dos povos da ALBA. A segunda parte foi o Acampamento da Juventude da Via Campesina, do dia 17 de outubro atè dia 15 de novembro. E a terceira parte foi de trabalho voluntario e grupo de estudos de acampamentistas que decidiram ficar mais tempo no IALA (Instituto de Agroecologia Latinoamericano Paulo Freire).
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A primeira parte do acampamento foi um pouco atrapalhada. Caiu um chuva forte em uma das primeiras noites e o acampamento, que atè entao estava sendo realizado em Barinas, no IALA, foi transferido para Caracas, na Ciudadela Bolivariana (um espaco onde estao muitos das missoes e servicos do governo bolivariano). Havia compas desde de México até Argentina, de diferentes organizacoes: partidos politicos, movimentos urbanos, campesinato, movimento estudantil. Nesse momento, do Brasil estava eu, Neto (da juventude do MST) e Mari (paulista, da ABEF, de Filosofia). Houve muito atraso na chegada dos compas da Via Campesina, assim que a maior parte só chegou por acampamento da Via mesmo. A Coordenacao Politico-pedagogica se reorganizaou depois da chuva e contou com a presenca de um delegado por país. Cada país teve seu espaco de apresentacao de conjuntura, mas a articulacao nao foi tao intensa como poderia ser. Muito o que atrapalhou foi a burocracia do governo venezuelano, das insituticoes que estavam organizando junto com a Via, com muitas mudancas na programacao. De verdade, foi a experencia mais dificil que tive com o processo bolivariano. Para mim, ficou claro mais uma vez que a forca do processo está no povo, nas organizacoes de base, que conseguem aprofundar muito mais o processo de consciencia que nas instituicoes estatais, onde a disputa do poder é intenso e nem sempre se concretiza a favor da revolucao. Os principais debates, além do projeto da ALBA (que é a Alternativa Bolivariana para as Américas, em oposicao a ALCA), foi também uma maneira de nos articularmos, 4 companheiros paraguaios que estavam presos na Argentina em greve de fome e a formacao de uma brigada internacionalista a Bolívia em janeiro de 2009. Nenhuma dessas propostas foi encaminhada em plenária e ficou para que uma comissao composta pelos países que compoem ALBA (com excecao da Bolívia) redigissem um documento.
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O Acampamento da Via foi todo no IALA. O IALA nasceu no FSM de 2005 em Porto Alegre, quando Chavéz visitou acampamentos do MST e propos uma parceria. O terrerno foi doado pelo governo e fica no estado onde Chavez nasceu, uma regiao plana, de tradicao agricola. No IALA, atualmente, estudam 68 estudantes de diferentes organizacoes populares da america latina, o curso de agroecologia. Os e as estudiantes de IALA estao em um processo de resistencia muito forte e bonito porque a escola nao está pronta, eles estao construindo desde o curriculo até instalacoes fisicas. A organizacao do acampamento foi feita com base na metodologia elaborada por Josue de Castro, em Nucleos Bases e Equipes de Trabalho e tinha a consigna de estudo, trabalho e luta. O acampamento foi inspirado nas ideias de Che sobre o internacionalismo e o trabalho voluntario como construtor de consciencia. Estudamos o pensamento de Mariátegui, Che, fizemos debates de conjunturas de cada país, fizemos um tempo de vivencia em cooperativas agricolas na regiao, atividades de discussao de genero e mistica, sobre revolucoes populares na america latina e resistencias em Colombia. Os principais pontos de debate foram a situacao politica de Colombia sob o governo paramilitar de Uribe (inclusive foi noticiado na Colombia que esse foi um acampamento guerrilheiro de treinamento de 400 homens pelo governo de Chavez!), a formacao da brigada de solidariedade internacional com a Bolivia em janeiro (no momento da aprovacao da Constituicao) e uma maneira de nos organizarmos e nos mantermos em contato. Do Brasil, chegaram Binho e Fabíola da ABEF, Joao (SP) da Consulta Popular, Raul (PE) e Tiago (DF) do MST, Gilson da PJR, Alexandra (SC) e Paula(GO) do MAB, Thomas (PR) da FEAB. Elaboramos um documento final, com todas as propostas. Agora nao tenho em maos, mas se voces tiverem interesse, posso enviar.
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No terceiro momento, seguimos com as atividades de estudo e de trabalho no campo. Foi uma oportunidade de formacao politica imensa. Minha consciencia deu um salto quantico de qualidade. Agora estou na cidade e regresso ao IALA amanha. De lá sigo para Colombia passar o final de ano com um companheiro na regiao de campo dos Andes. Em janeiro tem o CLASSEA que é o congresso latinoamericano dos estudantes de agronomia e devo dar uma forca na organizacao e depois conhecer um pouco mais a realidade do campo e das comunidades indigenas na Colombia. Nao tenho mais idéia de quando regresso ao Brasil porque tenho vontade de construir a luta por um tempo aqui fora, com companheiros indigenas.
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Sinto saudade e agradeco a confianca de voces que foi importante pra eu participar do encontro. Sigo mandando noticias. Qualquer duvida, me escrevam. Se vao vir pra cá, pra fora do Brasil, me escrevam, a gente pode se encontrar.
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Um beijo grande e feliz ano de 2009 pra todas e todos!!!!!!
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Pátria, Socialismo ou Morte! Venceremos!
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Camilinha Bacaninha

Um comentário:

ortegal disse...

Bom é termos uma correspondente internacional pra ampliar a rede do IC! Esses relatos aumentam o ímpeto pra esquentar as coisas aqui no Brasil ou pelo menos na UnB.. Simon vive!

Fiz um post sobre educação no meu blog, pessoal. A opinião de vocês vale muito pra mim.
Eu vou colocar o link do blog do IC no meu blog. Adiciona o meu aí também, pra gente fazer a conexão!

Abraço!